Recentemente, algumas empresas conhecidas por terem linhas enxutas resolveram investir em um número muito maior de aparelhos. Isso provocou a insatisfação de fãs de algumas marcas, que acusaram as empresas de perderem a mão, de exagerarem. Mas qual é o motivo disso?



Só pela introdução, sei que a Motorola já veio na sua cabeça. Quando a empresa foi comprada pela Google, sua linha de aparelhos foi diminuída para apenas três aparelhos: Moto E, Moto G e Moto X. O custo benefício grande e recursos interessantes fizeram do Moto G um dos aparelhos mais vendidos na história da empresa.



Há dez anos atrás, a Apple mudou para sempre o mercado de telefonia móvel ao lançar seu primeiro iPhone, também um sucesso de vendas. Ano após ano, a empresa de Steve Jobs manteve um aparelho por ano, até iniciar a linha Plus, o iPhone C, iPhone SE e agora o X. Isso fora a estratégia de manter versões antigas ainda em linha mesmo com os novos lançamentos.

A Motorola, só em 2017, trouxe 11 aparelhos pelo mundo, sendo que 9 já chegaram ao Brasil. E as categorias mudaram: Moto E é entrada premium, com o Moto C ocupando a posição mais básica. O Moto G ficou mais caro e com mais recursos, enquanto a chegada da linha Z marcou mais uma mudança na estratégia, uma vez que essa linha se dividiu em intermediário premium e topo de linha.




Fãs arrancam os cabelos, xingam e prometem nunca mais comprar nada da marca. Mas qual seria o motivo de tanto lançamentos? Por que arriscar a atualização e o hardware de tantos aparelhos, além da boa reputação junto aos consumidores? Basta pegarmos a maior vendedora de smartphones do país como exemplo. A Samsung já trouxe 23 aparelhos pelo mundo, com ao menos 11 lançados por aqui. Se ela vende mais, inclusive os mais simples como o J2, alguma coisa ela faz de certo, não é mesmo?



A principal resposta tem uma palavra: prateleira. Esse é um conceito de mercado explorado por diversos segmentos, sejam de alimentos, artigos esportivos, cursos, carros ou eletrônicos. E a palavra se explica por si só: quanto mais espaço você ocupa na prateleira, mais visível você fica.

Vamos pegar um exemplo: uma pessoa chega em uma loja (ou até em um site) com R$ 1.000 para comprar um smartphone e observa as opções (ou fala com o vendedor). Se fosse em 2013, essa pessoa não compraria um Motorola, pois o Moto G era muito simples custando R$ 700 em média, e o Moto X era muito caro, com preço de lançamento em R$ 1.500. Especialmente no Brasil, R$ 500 fazem muita diferença no bolso do consumidor.





Mas o vendedor mostraria uma enorme variedade de aparelhos Samsung e LG, em variadas faixas de preços e especificações. Às vezes, até mais de um pelo mesmo preço, mas com destaques diferentes, seja uma caneta stylus ou o tamanho de tela. A pessoa, com seus R$ 1.000, sairia satisfeita com uma dessas marcas.

Hoje, a Motorola tem nove opções que vão de R$ 600 a R$ 3.000, muito mais fácil de conquistar um cliente. Se quiser mais bateria, mas não se preocupa com hardware, tem um aparelho. Se quiser mais bateria e hardware, mas sem gastar tanto, também tem. O fator número também conta: que marca é essa Quantum, com esse único aparelho chamado Go? Pessoas mais inseguras não apostariam nela mas, e agora, com cinco aparelhos, mesmo que muito parecidos? Bom, aí a coisa muda de figura.



E o iPhone? É a mesma coisa, só que de um jeito um pouco diferente. Como eu falei, a empresa mantém aparelhos dos anos anteriores em linha para abranger públicos com menor poder aquisitivo, mas que sonham com um iPhone. Você deve se lembrar da época do iPhone 4, que anos depois, por R$ 1.000, ainda vendia para pessoas que queriam ter um iPhone, mas não tinham muito dinheiro.


Hoje, ficaram o iPhone SE para quem quer tela menor, iPhone 6 para gastar menos, iPhone 7 para quem quer mais poder, mas ainda não pode comprar o mais novo, iPhone 8 para quem quer a novidade, mas não quer vender um rim e o iPhone X, para os early adopters, que topam gastar bem mais para ter o que há de melhor da marca.

Existem alguns outros motivos para uma linha grande de produtos, mas esse é o principal deles. Para você, leitor do AndroidPIT, que já é mais entendido de tecnologia, conhece muito mais sobre smartphones, pode parecer sem sentido. Você escolhe bem, escolhe o melhor para você. Mas nem todo mundo dá tanta importância a esses gadgets assim, e muita vezes, só quer algo que funcione minimamente bem e que caiba no orçamento.

concorda? Por que você acha que algumas empresas passaram a lançar tantos aparelhos?